30/05/2025

Nota de solidariedade a Marina Silva: ataques à ministra minam convivência democrática e atingem mulheres na política 663m58

O Cimi manifesta sua solidariedade e apoio à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, depois do tratamento desrespeitoso e intimidatório que recebeu no Senado Federal 5c862

Ministra Marina Silva ao lado da presidente da Funai, Joenia Wapichana, na 53ª Assembleia Gera do Conselho Indígena de Roraima (CIR) em 2024. Foto: Caique Souza/Ascom CIR

Ministra Marina Silva ao lado da presidente da Funai, Joenia Wapichana, na 53ª Assembleia Gera do Conselho Indígena de Roraima (CIR) em 2024. Foto: Caique Souza/Ascom CIR

O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) manifesta sua solidariedade e apoio à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, depois do tratamento desrespeitoso e intimidatório que recebeu durante a sessão da Comissão de Infraestrutura no Senado Federal, no dia 27 de maio, por parte do presidente da Comissão, senador Marcos Rogério (PL-RO), e de outros dois parlamentares.

As questões que estavam sendo abordadas na Comissão são extremamente sensíveis e envolvem direitos humanos fundamentais e princípios basilares de uma política de proteção ambiental. A exploração de petróleo na foz do Amazonas, o asfaltamento da BR-319 ou a exploração de potássio dentro de territórios indígenas do povo Mura, na região de Autazes (AM), precisam ser abordados com a necessária cautela e seriedade, ouvindo os povos e comunidades atingidos, a sociedade civil e a comunidade científica e tendo como referências fundamentais os parâmetros já consensuados sobre direitos humanos e proteção ambiental.

O Senado Federal adotou uma posição autoritária nestas matérias. Recentemente aprovou o PL 2159/2021, que desidrata o instrumento do licenciamento ambiental, mecanismo fundamental para qualquer política séria de proteção ambiental. E na quarta-feira, dia 28 de maio, aprovou em regime de urgência e por votação simbólica a suspensão da homologação de duas terras indígenas e do principal artigo do Decreto 1775/1996, que regulamenta o procedimento istrativo de demarcação de terras indígenas. É neste contexto de hostilidade aos direitos humanos que a ministra Marina Silva foi desrespeitada e intimidada na Comissão de Infraestrutura com atitudes que vão além da falta de decoro: atingem a convivência democrática.

A ministra Marina Silva tem uma longa trajetória na defesa dos direitos humanos e da proteção ambiental. Nos últimos dias, manifestou publicamente uma posição corajosa e necessária contra o fim do licenciamento ambiental. Convive diariamente com a pressão de setores políticos e econômicos, inclusive dentro do próprio governo, que encontraram sempre na ministra de Meio Ambiente uma posição firme e coerente.

Repudiamos veementemente toda e qualquer forma de violência política praticada contra aqueles e aquelas que defendem a vida e a democracia destes país. Esse episódio ocorrido no Senado atinge não só a ministra, mas a todas as mulheres defensoras de direitos humanos que enfrentam diariamente o racismo, o machismo e a desigualdade de gênero.

Reafirmamos nossa solidariedade à ministra Marina Silva e nosso compromisso com a defesa dos direitos dos povos indígenas, das mulheres, das populações negras e o respeito à democracia e ao Estado de Direito.

30 de maio de 2025

Conselho Indigenista Missionário – Cimi

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